ESDE- CEE -GRUPO PERSEVERANÇA – 2012/2
TOMO FUNDAMENTAL I - MÓDULO II
QUESTÕES PROPOSTAS PARA O ESTUDO DO ROTEIRO 2
- Quais as influências culturais, do condicionamento do século XIX e do meio (França) que participaram da formação do homem “Hyppolyte Léon Denizard Rivail”?
- Por que pensou tratar-se apenas de uma ação magnética quando tomou conhecimento do fenômeno das mesas girantes?
- Quais considerações filosóficas Rivail tirou dos fenômenos mediúnicos?
- Quando e porque passou a usar o pseudônimo de “Allan Kardec”?
- Que conhecimentos os druidas possuíam que foram importantes (ou são partes dos ensinamentos espíritas)?
- De quem é a Doutrina Espírita?
- Kardec pode ser considerado o fundador do Espiritismo? Como entender o seu papel na elaboração dessa Doutrina?
- Como os princípios pedagógicos do sistema pestalozziano foram utilizados por Kardec na Codificação da Doutrina Espírita?
- Enumere, pelo menos três qualidades positivas que Kardec possuía para ser um missionário.
- Como configurar a missão de Kardec na codificação da Doutrina Espírita?
- O que vem a ser o princípio da generalidade na Doutrina Espírita?
- Em que ano Kardec começou a estudar os problemas do espírito e trabalhar com diversos médiuns?
CONSIDERAÇÕES SOBRE ALLAN KARDEC RETIRADAS DE PALESTRA DE DEOLINDO AMORIM
Editado pelo Instituto de Cultura Espírita, Juiz de Fora, MG, em 1976
- Não podemos dissociar inteiramente Allan Kardec da Doutrina Espírita, embora ela não seja dele, é dos Espíritos, como ele mesmo acentuou. Não é o fundador do Espiritismo. Todavia, não se pode separar muito a pessoa de Allan Kardec da doutrina que codificou. Ele não foi o autor, mas foi o elemento escolhido pelo Alto. Teve uma participação pessoal inconfundível e valiosa. Exatamente por causa de suas interferências sempre oportunas, muitas questões doutrinárias foram elucidadas pelos mentores espirituais no trabalho de elaboração da Doutrina. Como ex.: comentários no “pé de página” encontrados no “O Livro dos Espíritos”, conquanto os ensinos básicos sejam dos Espíritos.
- Homem do século XIX, século de profundas e agitadas discussões filosóficas, século em que se hipertrofiou o espírito crítico, Allan Kardec teve uma formação humana muito propensa ao raciocínio analítico, à controvérsia religiosa.A França era o centro cultural que atraia a atenção do mundo ocidental; impregnado de doutrinas contrárias à velha fé, mas também indiferente aos altos problemas da filosofia espiritualista.Como intelectual, como homem de estudos filosóficos, vivendo em Paris, que era o maior centro de debates, Allan Kardec não poderia ficar absolutamente alheio às correntes doutrinárias de sua época.Uma das influências fundamentais, e que teve participação na vida de Allan Kardec foi exatamente a sua formação humanista. Claro que na sua formação se refletiram certas influências de sua época, mas o Codificador do Espiritismo não se prendeu a nenhuma limitação. Em sua ordem de ideias, em que se conjuga síntese de razão e sentimento, de experiência e fé, tanto quanto de trabalho e moralidade, transcorre naturalmente, necessariamente o sentido universalista de seu pensamento.
- Embora tivesse recebido a Doutrina pura dos espíritos, pois foram estes que transmitiram os ensinos originais, Allan Kardec imprimiu ao trabalho de codificação os traços de seu espírito, com toda a independência, sem subordinação a nenhuma corrente: o racionalismo, a propensão universalista, a supremacia dos valores morais, a iluminação pela fé, a exatidão das provas. Como seria possível lançar uma doutrina tão diferente, como a Doutrina Espírita, que afirma a sobrevivência do espírito fora da matéria e declara expressamente que “Deus é a causa primária de todas as coisas”, no ambiente europeu do século XIX? É aí, justamente que se verifica o equilíbrio de Allan Kardec perante a crítica de sua obra, não se deixando influenciar pelos antagonismos, mantendo sua posição afirmativa, deixando a doutrina fora de atritos. Compreendeu que a Doutrina viera à Terra com preocupações diferentes, fora e acima de qualquer bitola acadêmica, sem compromisso com esta ou aquela escola filosófica, sem subordinação a nenhum grupo de elite.
- Allan Kardec tinha claridades espirituais para compreender e avaliar as fraquezas humanas, como tinha bom senso para ensinar sem ferir, pois sabia, como bom observador, como psicólogo da vida, que o ser humano não se corrige por ameaças nem por lições de moral condenatória. É necessário que a luz do conhecimento penetre a alma e que a vontade de não erra mais se desenvolva e fortifique pela convicção, pela experiência vivida. É problema muito individual. Cada qual tem o seu momento psicológico para despertar, cada qual tem a sua “pedra de toque” para caminhar.
Allan Kardec pregou a reforma moral, ponto fundamental de sua vida e de sua obra, sem criar moral nova, sem instituir nenhum sistema dogmático, sem exigir penitências. Mostrou sem subterfúgios, sem artifícios, que nos basta a observância dos ensinos do Cristo, e eis a moral mais pura e duradoura. Ensinou uma filosofia de vida, ofereceu instrumentos válidos para que a Doutrina Espírita possa ter influência profunda na vida social, mas também nos faz ver que é necessário viver como homem de nossa época.