Criar um Site Grátis Fantástico
I - Roteiro 2
I - Roteiro 2

1. Conceito de Espiritismo

O termo Espiritismo foi criado por Allan Kardec pelas razões que ele mesmo explica na Introdução de O Livro dos Espíritos:

Para se designarem coisas novas são precisos termos novos. Assim o exige a clareza da linguagem, para evitar a confusão inerente à variedade de sentidos das mesmas palavras. Os vocábulos espirituais, espiritualista, espiritualismo têm acepção bem definida. Dar-lhes outra, para aplicá-los à doutrina dos Espíritos, fora multiplicar as causas já numerosas de anfibologia. Com efeito, o espiritualismo é o oposto do materialismo. Quem quer que acredite haver em si alguma coisa mais do que matéria, é espiritualista. Não se segue daí, porém, que creia na existência dos Espíritos ou em suas comunicações como mundo visível. Em vez das palavras espiritual, espiritualismo, empregamos, para indicar a crença a que vimos de referir-nos, os termos espírita e espiritismo, cuja forma lembra a origem e o sentido radical e que, por isso mesmo, apresentam a vantagem de ser perfeitamente inteligíveis, deixando ao vocábulo espiritualismo a acepção que lhe é própria. Diremos, pois, que a doutrina espírita ou o Espiritismo tem por princípio as relações do mundo material com os Espíritos ou seres do mundo invisível. Os adeptos do Espiritismo serão os espíritas, ou, se quiserem, os espiritistas4.

O Espiritismo é, ao mesmo tempo, uma ciência de observação e uma doutrina  filosófica. Como ciência prática, ele consiste nas relações que se estabelecem entre nós e os Espíritos; como filosofia, compreende todas as conseqüências morais que dimanam dessas mesmas relações. Podemos defini-lo assim: O Espiritismo é uma ciência que trata da natureza, origem e destino dos Espíritos, bem como de suas relações com o mundo corporal5.

Em o Evangelho segundo o Espiritismo, assinala, ainda, Kardec: O Espiritismo é a ciência nova que vem revelar aos homens,por meio de provas irrecusáveis, a existência e a natureza do mundo espiritual e as suas relações com o mundo corpóreo. Ele no-lo mostra, não mais como coisa sobrenatural, porém, ao contrário, como uma das forças vivas e sem cessar atuantes da Natureza, como a fonte de uma imensidade de fenômenos até hoje incompreendidos e, por isso, relegados para o domínio do fantástico e do maravilhoso. É a essas relações que o Cristo alude em muitas circunstâncias e daí vem que muito do que ele disse permaneceu ininteligível ou falsamente interpretado. O Espiritismo é a chave como auxílio da qual tudo se explica de modo fácil1.

2. Objeto do Espiritismo

Assim como a Ciência propriamente dita tem por objeto o estudo das leis do princípio material, o objeto especial do Espiritismo é o conhecimento das leis do princípio espiritual. Ora, como este último princípio é uma das forças da Natureza, a reagir incessantemente sobre o princípio material e reciprocamente, segue-se que o conhecimento de um não pode estar completo sem o conhecimento do outro. O Espiritismo e a Ciência se completam reciprocamente; a Ciência, sem o Espiritismo, se acha na impossibilidade de explicar certos fenômenos só pelas leis da matéria; ao Espiritismo, sem a Ciência, faltariam apoio e comprovação. O estudo das leis da matéria tinha que preceder o da espiritualidade, porque a matéria é que primeiro fere o sentidos. Se o Espiritismo tivesse vindo antes das descobertas científicas, teria abortado, com tudo quanto surge antes do tempo2.

Mais adiante, ainda nesta referência (A gênese), acrescenta Kardec:

A Ciência moderna abandonou os quatro elementos primitivos dos antigos e, de observação em observação, chegou à concepção de um só elemento gerador de todas as transformações da matéria; mas, a matéria, por si só, é inerte; carecendo de vida, de pensamento, de sentimento, precisa estar unida ao princípio espiritual. O Espiritismo não descobriu, nem inventou este princípio; mas, foi o primeiro a demonstrar-lhe, por provas inconcussas, a existência; estudou-o, analisou-o e tornou-lhe evidente a ação. Ao elemento material, juntou ele o elemento espiritual. Elemento material e elemento espiritual, esses os dois princípios, as duas forças vivas da Natureza. Pela união indissolúvel deles, facilmente se explica uma multidão de fatos até então inexplicáveis. O Espiritismo, tendo por objeto o estudo de um dos elementos constitutivos do Universo, toca forçosamente na maior parte das ciências; só podia, portanto, vir depois da elaboração delas; nasceu pela força mesma das coisas, pela impossibilidade de tudo se explicar com o auxílio apenas das leis da matéria3.

Em suma, os [...] fatos ou fenômenos espíritas, isto é, produzidos por Espíritos desencarnados, são a substância mesma da Ciência Espírita, cujo objeto é o estudo e conhecimento desses fenômenos, para fixação das leis que os regem [...]6.

 

REFERENCIAS:

1. KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o espiritismo. Tradução de Guillon Ribeiro. 124. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Cap.1, item 5, p. 56-57.

5 – O Espiritismo é a nova ciência que vem revelar aos homens, por meio de provas irrecusáveis, a existência e a natureza do mundo espiritual e suas relações com o mundo material. Ele nos mostra esse mundo, não mais como sobrenatural, mas, pelo contrário, como uma das forças vivas e incessantemente atuantes da natureza, como a fonte de uma infinidade de fenômenos até então incompreendidos, e por essa razão rejeitados para o domínio do fantástico e do maravilhoso. É a essas relações que o Cristo se refere em muitas circunstâncias, e é por isso que muitas coisas que ele disse ficaram ininteligíveis ou foram falsamente interpretadas. O Espiritismo é a chave que nos ajuda a tudo explicar com facilidade.

Voltar

2. ______. A gênese. Tradução de Guillon Ribeiro. 48. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Cap. 1, item 16, p. 21.

16. Assim como a Ciência propriamente dita tem por objeto o estudo das leis do princípio material, o objeto especial do Espiritismo é o conhecimento das leis do princípio espiritual.Ora, como este último princípio é uma das forças da Natureza, a reagir incessantemente sobre o princípio material e reciprocamente, segue-se que o conhecimento de um não pode estar completo sem o conhecimento do outro. OEspiritismo e a Ciência se completam reciprocamente; a Ciência, sem o Espiritismo, se acha na impossibilidade deexplicar certos fenômenos só pelas leis da matéria; ao Espiritismo,sem a Ciência, faltariam apoio e comprovação. Oestudo das leis da matéria tinha que preceder o da espiritualidade, porque a matéria é que primeiro fere os sentidos.Se o Espiritismo tivesse vindo antes das descobertas científicas, teria abortado, como tudo quanto surge antes do tempo.

Voltar

3. ______. Item 18, p. 22.

18. A Ciência moderna abandonou os quatro elementos primitivos dos antigos e, de observação em observação, chegou à concepção de um só elemento gerador de todas as transformações da matéria; mas, a matéria, por si só, é inerte; carecendo de vida, de pensamento, de sentimento, precisa estar unida ao princípio espiritual. O Espiritismo não descobriu, nem inventou este princípio; mas, foi o primeiro a demonstrar-lhe, por provas inconcussas, a existência; estudou-o, analisou-o e tornou-lhe evidente a ação. Ao elemento material, juntou ele o elemento espiritual. Elemento material e elemento espiritual, esses os dois princípios, as duas forças vivas da Natureza. Pela união indissolúvel deles, facilmente se explica uma multidão de fatos até então inexplicáveis. O Espiritismo, tendo por objeto o estudo de um dos elementos constitutivos do Universo, toca forçosamente na maior parte das ciências; só podia, portanto, vir depois da elaboração delas; nasceu pela força mesma das coisas, pela impossibilidade de tudo se explicar com o auxílio apenas das leis da matéria.

Voltar

4. ______. O livro dos espíritos. Tradução de Guillon Ribeiro. 86. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Introdução. Item 1, p. 13.

Para se designarem coisas novas são precisos termos novos. Assim o exige a clareza da linguagem, para evitar a confusão inerente à variedade de sentidos das mesmas palavras. Os vocábulos espirituais, espiritualista, espiritualismo têm acepção bem definida. Dar-lhes outra, para aplicá-los à doutrina dos Espíritos, fora multiplicar as causas já numerosas de anfibologia. Com efeito, o espiritismo é o oposto do materialismo. Quem quer que acredite haver em si alguma coisa mais do que matéria, é espiritualista. Não se segue daí, porém, que creia na existência dos Espíritos ou em suas comunicações com o mundo visível. Em vez das palavras espiritual, espiritualismo, empregamos, para indicar a crença a que vimos de referir-nos, os termos espírita e espiritismo, cuja forma lembra a origem e o sentido radical e que, por isso mesmo, apresentam a vantagem de ser perfeitamente inteligíveis, deixando ao vocábulo espiritualismo a acepção que lhe é própria. Diremos, pois, que a doutrina espírita ou o Espiritismo tem por princípio as relações do mundo material com os Espíritos ou seres do mundo invisível. Os adeptos do Espiritismo serão os espíritas, ou, se quiserem, os espiritistas.

Como especialidade, o Livro dos Espíritos contém a doutrina espírita; como generalidade, prende-se à doutrina espiritualista, uma de cujas fases apresenta. Essa a razão porque traz no cabeçalho do seu título as palavras: Filosofia espiritualista.

Voltar

5. ______. O que é o espiritismo. 53. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Preâmbulo, p. 50.

Todos os jornais da época se ocuparam da morte de Allan Kardec e procuraram medir-lhe as conseqüências. Eis aqui, a título de lembrança, o que a esse respeito escrevia o Sr. Pagès de Noyez, no Journal de Paris, de 3 de abril de 1869:  “Aquele que por tão longo tempo ocupou o mundo científico e religioso sob o pseudônimo de Allan Kardec, chamava- -se Rivail e morreu na idade de 65 anos.  “Vimo-lo deitado num simples colchão, no meio da sala das sessões a que há tantos anos ele presidia; vimo-lo com o semblante calmo como se extinguem aqueles a quem a morte não surpreende e que, tranqüilos quanto ao resultado de uma vida honesta e laboriosamente preenchida, imprimem como que um reflexo da pureza de sua alma sobre o corpo que abandonaram.  “Resignados pela fé em uma vida melhor, e pela convicção da imortalidade da alma, inúmeros discípulos tinham vindo lançar um derradeiro olhar àqueles lábios descorados que, ainda na véspera, lhes falavam a linguagem da Terra. Mas eles recebiam já a consolação de além-túmulo: o Espírito de Allan Kardec veio dizer-lhes quais haviam sido as suas comoções, quais as suas primeiras impressões, quais, dos que o haviam precedido no além-túmulo, tinham vindo ajudar-lhe a alma a desprender-se da matéria. Se “o estilo é o homem”, aqueles que conheceram Allan Kardec em vida não podem deixar de ficar emocionados pela autenticidade dessa comunicação espírita.  “A morte de Allan Kardec é notável por uma coincidência estranha. A Sociedade fundada por esse grande vulgarizador do Espiritismo acabava de desaparecer. Abandonado o local, retirados os móveis, nada mais restava de um passado que devia renascer sobre novas bases. No fim da última sessão, o presidente fizera as suas despedidas; preenchida a sua missão, retirava-se da luta cotidiana, para se consagrar inteiramente ao estudo da filosofia espiritualista. Outros, mais jovens — intrépidos — deveriam continuar a obra e, fortes por sua virilidade, impor a verdade por sua convicção.

Voltar

6. BARBOSA, Pedro Franco. Espiritismo básico. 5. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2002. (O espiritismo científico). Segunda parte, p.103.

O ESPIRITISMO FILOSOFICO

O Espiritismo é uma doutrina essencialmente filosófica, embora seus princípios sejam comprovados experimentalmente, o que lhe confere também o caráter cientifico.Quando o Homem pergunta, interroga, cogita (41), quer saber o "como" e o "porque" das coisas, dos fatos, dos acontecimentos, nasce a FILOSOFIA, que mostra o que são as coisas e porque são as coisas o que são.
Em verdade, o Homem quer justificar-se a si mesmo e ao mundo em que vive, ao qual reage e do qual recebe contínuos impactos, procura compreender como as coisas e os fatos se ordenam, em suma, deseja conhecer sempre mais e mais.

O caráter filosófico do Espiritismo esta, portanto, no estudo que faz do Homem, sobretudo Espírito, de seus problemas, de sua origem, de sua destinação. Esse estudo leva ao conhecimento do mecanismo das relações dos Homens, que vivem na Terra, com aqueles que já se despediram dela, temporariamente, pela morte, estabelecendo as bases desse permanente relacionamento, e demonstra a existência, inquestionável, de algo que tudo cria e tudo comanda, inteligentemente — DEUS.

Definindo as responsabilidades do Espírito — quando encarnado (Alma) e também do desencarnado, o Espiritismo e Filosofia, uma regra moral de vida e comporta-mento para os seres da Criação, dotados de sentimento, razão e consciência.

A filosofia espírita nos mostra, assim, que
 "A lei natural e a lei de Deus; a única verdadeira para a felicidade do homem. Ela lhe indica o que ele deve fazer ou não fazer, e ele só se torna infeliz porque dela se afasta." — Allan Kardec, Questão 614 de "O Livro dos Espíritos".

Como ser moral, consciente, o Homem tem liberdade com responsabilidade, e é isso que a filosofia espírita lhe mostra com clareza, a luz da doutrina das vidas sucessivas, da reencarnação, do carma e do livre-arbítrio, demonstrando-lhe também que a vida e eterna e que ele deve fazer dessa vida uma permanente fonte de ventura e felicidade, pela obediência as leis que regem toda a Criação.

Filosofia (42) de amor e bondade, de tolerância e solidariedade, de conseqüências religiosas
"A Filosofia Espírita desemboca, assim, na Moral Espírita, que não e outra senão a própria moral evangélica, racionalmente explicada, inteira-mente desembaraçada das interpretações teológicas e místicas" — J. Herculano Pires, "O Espírito e o Tempo".

O ESPIRITISMO CIENTÍFICO

O Espiritismo passa de filosofia a ciência (43), quando confirma, pela experimentação, os conhecimentos filosóficos que prega e dissemina.

De fato, ha, no Espiritismo, a fenomenologia, que deve ser provada por meios e métodos científicos. (44)

O Espiritismo, no quadro geral do Espiritualismo, e positive* e consciente, não se perde em hipóteses metafísicas e constitui um processo triplo de conhecimento: filosófico, cientifico, religioso (moral).

Como filosofia trata do conhecimento frente a razão, indaga dos princípios, das causas, perscruta o Espírito, enfim, interpreta os fenômenos; como ciência, prova-os.

Os fatos ou fenômenos espíritas, isto e, produzidos por espíritos desencarnados, são a substância mesma da Ciência Espírita, cujo objeto e o estudo e conhecimento desses fenômenos, para fixação das leis que os regem. Eles constituem o meio de comunicação entre o nosso mundo físico e o mundo espiritual, de características diferentes, mas que não impedem o intercâmbio, que sempre houve, entre os vivos e os mortos, segundo a terminologia usual. Infelizmente, a Ciência acadêmica, por preconceito e orgulho, não se dispôs ainda a um estudo sistemático e profundo do fenômeno espírita, alegando que não pode obtê-lo quando e onde deseja e na quantidade necessária, o que revela, simplesmente, desconhecimento completo do assunto. O fenômeno espírita tem características próprias, que não podem ser desatendidas, pois lidamos, no caso, com inteligências, encarnadas e desencarnadas, com livre--arbítrio, razão e consciência.

As Casas Espíritas, promovendo sessões mediúnicas, embora sem escopo de pesquisa científica, vão colhendo mensagens dos Espíritos superiores, que nos permitem conhecer, em parte, o mecanismo das comunicações entre os dois mundos, ordenando-se e disciplinando-se, assim, a mediunidade.

Aspecto importante do Espiritismo é que, sem idéia de competição, ele alcança todas as formas de conhecimento do mundo atual, lançando luz sobre muitos problemas das ciências físicas, biológicas, sociológicas, médicas, políticas, jurídicas. Por isso, Kardec já dizia que

"O Espiritismo e a Ciência se completam um pelo outro; a Ciência, sem o Espiritismo, se acha impossibilitada de explicar certos fenômenos, unicamente pelas leis da matéria; o Espiritismo, sem a Ciência, ficaria sem apoio e exame. "A Gênese".

Essa verdade, que hoje honestamente não se pode contestar, é reafirmada por Deolindo Amorim, quando declara que o Espiritismo "não se limita a um misticismo improdutivo, volve-se para onde possa chegar nossa atividade, dirige-se a todas as disciplinas, alcança todas as esferas do conhecimento".

A Ciência Espírita se classifica, assim, entre as ciências positivas ou experimentais e se utiliza do método analítico ou indutivo, porque observa e examina os fenômenos mediúnicos, faz experiências, comprova-os. Seu objeto (45) é o Espírito, o princípio inteligente do Universo, e, por isso, disse muito bem o inolvidável Pinheiro Guedes;

"O psiquismo é sem dúvida uma ciência, ciência vasta, profunda, eclética; constrói a síntese da vida humana e a evolução do Espírito."

Graças ao Espiritismo científico, desaparece o velho antagonismo, o eterno divórcio da ciência com a fé, pois não mais se trata, agora, do espiritualismo utópico, dos dogmas, das crendices, do sobrenatural e do místico; é a própria razão, o lúcido raciocínio, a lógica mais cerrada, que formam, ao lado de uma vasta fenomenologia, cada dia mais exuberante e comprovada, o substrato, mesmo, da ciência psíquica. De fato,

"A nova ciência espiritualista não é, pois, uma obra de imaginação; é o resultado de longas e pacientes pesquisas, o fruto de inúmeras investigações. Os homens que as empreenderam são conhecidos em todas as esferas científicas: são portadores de nomes célebres e acatados." — Léon Denis, "No Invisível".

Não foi sem motivo, portanto, que o Codificador preferiu definir o Espiritismo dizendo que "

é uma ciência que trata da natureza, origem e destino dos Espíritos, bem como de suas relações com o mundo corporal".

Também Gabriel Delanne, em seu "O Espiritismo Perante a Ciência", afirma, categórico:

"O Espiritismo deixa de parte as teorias nebulosas, desprende-se dos dogmas e das superstições e vai apoiar-se na base inabalável da observação científica",

opinião que igualmente expressa em "O Fenômeno Espírita", outra de suas monumentais obras: "O Espiritismo é uma ciência, cujo fim é a demonstração experimental da existência da alma e sua imortalidade, por meio de comunicações com aqueles aos quais impropriamente chamam mortos."

"Como ciência nova, última da escala das ciências, o Espiritismo abre nova era na história do conhecimento", afirma o Prof. J. Herculano Pires, em seu magnífico "O Espírito e o Tempo", e embora considerados como "provas anedóticas" os fatos do Espírito sempre atraíram a atenção de numerosos grandes homens da Ciência, das Artes e das Letras. Os físicos, principalmente, embora negando a sobrevivência do Espírito e até mesmo sua existência, deslumbram-se hoje com as maravilhas do mundo do infinitamente pequeno, inclinando-se para conceitos antinaturais como tempo regressivo e massa negativa, às voltas com teorias que se contradizem, com o fantástico neutrino, capaz de atravessar, com a velocidade da luz, o corpo sólido da Terra, como se fosse ura espaço vazio.

A teoria dos fluidos, lançada pelos Espíritos, através da obra da Codificação, negada pela Ciência, revive no "oceano extraordinário de elétrons negativos" de Dirac, a lembrar o velho conceito do éter.

As experiências, apesar das marchas e contramarchas da Ciência, confirmam as teses espíritas e, em verdade, existe hoje um verdadeiro namoro dos Físicos com os fenômenos do Espiritismo, naturalmente com outros nomes, como afirma Arthur Koestler, em "As Razões da Coincidência".

Felizmente, a Parapsicologia já merece a atenção dos nossos cientistas (46), mas é pouco, por incluir apenas o estudo de fenômenos anímicos, embora, através dela, os fenômenos theta já se façam sentir, veementemente. Nem é sem motivo que pesquisadores assim se expressam, hoje: 
"A pesquisa psíquica é um dos ramos de investigação mais importantes que se oferece ao espírito humano." — H, H. Price. "(...) afirmar que existe só a matéria e nenhum espírito é a mais ilógica das propostas. É bem diferente da descoberta da Física moderna. Esta mostra que, no significado tradicional do termo, não existe matéria." — V. A. Firsoff, "Mind and Galaxies". "Ocorre um fenômeno psíquico quando uma informação é transmitida por um sistema físico sem o uso de qualquer forma conhecida de energia física." — John Randall.

Em resumo: A Doutrina Espírita é ciência quando comprova, experimentalmente, a existência do Espírito e sua sobrevivência ao desaparecimento do corpo carnal. Essa comprovação se dá por meio dos fenômenos espíritas, observados nas sessões mediúnicas.

O ESPIRITISMO RELIGIOSO

Sempre se considerou religião (de relegere, que significa "tratar com as coisas de Deus", ou de religare, isto é, ligar o homem a Deus, ou melhor, levá-lo de volta a Deus) o culto instituído e formal, com seu templo ou igreja, suas imagens, seu ritual, sua hierarquia sacerdotal, seus dogmas, mitos e crendices.

Nesse sentido, o Espiritismo não é religião. (47) Por isso, Kardec, orientado pelos Espíritos, estabeleceu, primeiramente, os fundamentos filosóficos e científicos da Doutrina (48), pois conhecia bem os homens, com seu espírito de imitação, suas fraquezas e seu gosto pelo exótico e pomposo. E porque não se tratava de fundar mais uma religião, capaz de satisfazer apenas os sentidos físicos e os sentimentos superficiais da criatura, mas sim as necessidades íntimas da Alma, só mais tarde foi publicado "O Evangelho segundo o Espiritismo".

Entretanto; o Codificador esclarecia, em seu discurso de 1' de novembro de 1868, na Sociedade Espírita de Paris, que

 "sem dúvida, no sentido filosófico, o Espiritismo é uma religião, e nós nos ufanamos disso".

Seu pensamento é o mesmo, exposto muito mais tarde, de outro grande vulto da Filosofia, o brasileiro Farias Brito, em "A Verdade como Regra das Ações", 1905:

"{...) é da filosofia, que nasce o sentimento moral... assim compreendida, a filosofia se confunde com a religião."

"(. . .) é a filosofia deduzindo as leis da conduta e organizando espontaneamente e sem coação a sociedade, só pelo acordo das convicções; numa palavra, a religião é a moral organizada."

Assim, cumprindo ao Espiritismo demonstrar a necessidade da urgente reforma íntima do homem, esclarecendo-o quanto à sua origem e natureza e relativamente ao progresso contínuo do espírito humano, não podia esquecer que, primordialmente, essa evolução se apóia no sentimento religioso de todas as criaturas, externado em atos de adoração e contrição e numa conduta moralmente elevada. Era preciso, pois, despertar a consciência dos homens para Deus e a realidade do Espírito imortal; mostrar a responsabilidade de cada um, de acordo com seu estágio evolutivo, por sua posição e atitude na vida, proporcionando a todos, outrossim, o entendimento amplo, mas simples, das leis naturais e divinas, que presidem à Evolução. O Espiritismo é, portanto, a Religião natural e científica, da fé raciocinada, sem misticismos e segredos iniciáticos, uma forma integral e consciente de conduta humana diante do Criador, não, como assinala Newman,

"(..,) a religião que impôs ao homem uma fé dogmática e contraditória, ameaçou-o com penas e sofrimentos irremissíveis, embalou-o com mentiras e promessas, que não podiam ser cumpridas, violando sua consciência, seu raciocínio e sua liberdade".

A Religião, entendida como filosofia de conseqüências religiosas, é a fábrica invisível do caráter e do sentimento, a escola soberana da formação moral do povo, dotando o espírito de poderes e luzes para a viagem da sublimação, como lemos algures. É verdade que o homem se redime por suas obras, como ensina Jesus, e muitos se salvaram, sem dúvida, antes do Espiritismo, mas este era necessário e veio, a seu tempo, para explicar a todos o mecanismo do bem e do mal e revelar tudo aquilo que o Mestre de Nazaré não pudera revelar, por falta de maturidade das criaturas. O ensino espírita é, por isso mesmo, simples, direto, objetivo, sem discussões bizantinas, sem mistérios nem iniciações, esclarecedor e sem contestação lógica e honesta, porque baseado na existência de Deus, como a inteligência suprema e a causa primária (única) de todas as coisas, na Evolução como lei geral, a que tudo está subordinado, exceto o próprio Deus, na reencarnação como fator preponderante da justiça divina, no exercício do livre-arbítrio e no carma (determinismo) que seu uso acarreta (lei de causa e efeito). Religião da fé raciocinada, mostra-nos que fora da caridade não há salvação, sendo preciso, portanto, que o homem creia e que seus atos estejam de acordo com as leis de Deus, de fraternidade, de bondade, de altruísmo, de humildade, de trabalho, de tolerância e de solidariedade, em harmonia com os semelhantes e mesmo com os seres inferiores da Criação. Como explicava Descartes, quanto mais concebemos a perfeição em uma coisa, mais devemos crer que sua causa seja mais perfeita ainda. Se testemunhamos, com os nossos sentidos físicos, a nossa inteligência, a nossa razão, o Universo maravilhoso, temos de admitir uma causa para ele, muito mais perfeita ainda. Então admitimos Deus, a própria Perfeição, Se admitimos Deus, é preciso que criemos uma forma de adorá-lo. Daí, a Religião. Em Espiritismo, a religião não suprime a razão, porque a fé é raciocinada, como sabemos. Assim, o caráter religioso da Doutrina Espírita não conflita com seu aspecto científico e muito menos com seus postulados filosóficos. Os estudiosos da Doutrina jamais negaram seu aspecto religioso, o mais importante deles, porque conduz o homem aos seus verdadeiros destinos, pela reforma íntima, pela reconciliação com as leis divinas, "Basta a análise do próprio texto de "O Livro dos Espíritos", que começa pela definição de Deus, aponta Jesus como o modelo humano e termina tratando das leis morais, da lei religiosa de adoração, e das penas e gozos futuros", para, segundo o Prof. J. Herculano Pires, in "Os Três Caminhos de Hécate", compreendermos e aceitarmos o sentido religioso do Espiritismo, porque "negar que tudo isso seja religião é a mesma coisa que negar a existência da luz solar". Em "Religião", de Carlos Imbassahy, lemos: "Pelas leis morais do Cristo, que segue; pela parte do Cristianismo, que representa; pela obrigação que se impõe de divulgar o Evangelho; pelo dever, que mantém, de colocar as leis divinas acima de tudo, como a fonte do progresso humano, o Espiritismo reivindica a parte que lhe cabe no seio das religiões." O caráter religioso do Espiritismo tem sido contestado por muitos espíritas que, até certo ponto, teriam razão, se não fossem as evidências, em que nos podemos basear, para pensarmos de modo contrário, e, outrossim, as manifestações insofismáveis do próprio Allan Kardec, a esse respeito, em todas as obras da Codificação Espírita: "O ESPIRITISMO é uma religião e nós nos ufanamos disso." — Discurso de 1* de novembro de 1868, pronunciado na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas. ("Revista Espírita", dezembro de 1868.) "O ESPIRITISMO é forte porque assenta sobre as próprias bases da religião (...)." — "O Livro dos Espíritos" (Conclusão, V). "O ESPIRITISMO vem confirmar as verdades fundamentais da Religião." — "O que é o Espiritismo", "(...) o ESPIRITISMO repousa sobre as bases fundamentais da religião e respeita todas as crenças; (. ..) um de seus efeitos é incutir sentimentos religiosos nos que os não possuem, fortalecê--los nos que os tenham vacilantes (. . .)." — "O Livro dos Médiuns" (V parte, Cap. LU, 24), "A Ciência e a Religião são as duas alavancas da inteligência humana: uma revela as leis do mundo material e a outra as do mundo moral. Tendo, no entanto, essas leis o mesmo princípio, que é Deus, não podem contradizer-se." — "O Evangelho segundo o Espiritismo" (Cap. I, n° 8). "(...) o ESPIRITISMO vem opor um dique à difusão da incredulidade (...)." — "O Céu e o Inferno" (1> parte, Cap. I, 4), "O ESPIRITISMO, longe de negar ou destruir o Evangelho, vem, ao contrário, confirmar, explicar e desenvolver, pelas novas leis da Natureza, que revela, tudo quanto o Cristo disse e fez (, .,)," — "A Gênese" (Cap. I, 41). "O ESPIRITISMO (...) não vem destruir os fatos religiosos, porém sancioná-los, dando-lhes uma explicação racional (...)." — "Obras Póstumas" (1* parte, Manifestações dos Espíritos, n° 7).

Notas:

(41) "Todos têm o desejo natural de saber", dizia o grande Aristóteles. É exatamente esse desejo de saber, raciocinando, que distingue os homens dos outros seres: pela duvida metódica se chega a certeza fundamental, porque, como dizia Descartes: Cogita, ergo sum.

(42) A Filosofia "é a ciência de todas as coisas, por suas causas mais elevadas, adquiridas à luz natural da razão: ciência, soma de conhecimentos certos; de todas as coisas, de tudo quanto existe ou é; por suas causas mais elevadas, explicando-as de modo definitivo; a luz natural da razão, pela evidencia intrínseca, não pela autoridade". — Padre Francisco Leme Lopes, "Introdução a Filosofia". "A Filosofia se baseia no conhecimento da essência que Informa as coisas, a individualidade e a personalidade do homem. E indiscutível que, para o estudo do Novo Espiritualismo, faz-se necessário conhecer os princípios essenciais da Filosofia. Mas porque é necessário esse conhecimento? Porque o kardecismo está estreitamente ligado a filosofia espiritualista, sem a qual não poderíamos compreender exatamente os valores e o alcance da teoria e prática do ESPIRITISMO" — Humberto Mariotti, em "O Homem e a Sociedade numa Nova Civilização", Edicel Ltda., 1967.

(43) Muitas verdades, deduzidas pela demonstração e concatenadas entre si, formando um sistema, eis a Ciência. Constitui, em ultima análise, uma soma de conhecimentos, ordenados e lógicos.

(44) O método científico, de Galileu e Newton, é aquele em que se acumulam dados experimental, formulam-se hipóteses de trabalho, seguidas de rigorosa experimentação, para que as teorias se ajustem aos fatos, dos quais induzimos as leis. Temos assim a observação, de uma ou varias coisas, a hip6tes«, uma explicação provisória, a experimentação, repetição do fenômeno para testar a hipótese, a indução, a extensão do nexo aos vários casos idênticos, a lei, que contém os princípios, a teoria, que busca a explicação. Kardec disse, com multo acerto, que, "como meio de elaboração, o Espiritismo procede, exatamente, da mesma maneira que as ciências positivas, aplicando o método experimental". — "A Gênese".

(45) O objeto da Ciência é tudo o que ela abrange, tudo o que examina, tudo quanto constitui motivação para sua pesquisa. Assim, na Ciência Espírita, o objeto ê o Espírito, a realidade única, cuja sobrevivência comprova e proclama como o fato capital da História da Humanidade Terrena.

(46) Embora falando em "mente" e não em "espírito", muitos cientistas se voltam hoje para as manifestações Inegáveis de uma energia diferente, que procuram estudar aplicando os métodos estritamente considerados pela tecnologia moderna, A fotografia kirliana, por exemplo, demonstra a existência da aura humana. Convém ler, pela soma de informações que contém, a respeito da Parapsicologia (dos ocidentais), ou Psicobiofísica (dos russos) ou ainda Psicotrôníca (dos tchecos), a obra de Sheila Ostrander e Lynn Schroeder, intitulada "Experiências Psíquicas Alem da Cortina de Ferro".

(47) "Allan Kardec deu à doutrina um tríplice aspecto: o cientifico, o filosófico, o religioso. Mas afirmou sempre que o Espiritismo não era uma religião, para significar que não era como as outras." — Júlio de Abreu Filho, em "Chama Divina", 1959, Editorial Critica.

(48) "Só depois de uma conscientização filosófica e científica, a Doutrina Espírita oferece "O Evangelho segundo o Espiritismo" — explicação das máximas morais do Cristo em concordância com o Espiritismo e suas aplicações às diversas circunstâncias da vida." — Prol. Newton de Sarros, in "Anais" (Ano III) do Instituto de Cultura Espírita do Brasil.

Fonte: https://esdefeak.files.wordpress.com

Voltar

 

LEITURA COMPLEMENTAR:

1. "O Espiritismo é uma ciencia?"  por Charles Kempf em https://www.espirito.org.br/portal/artigos/unidual/o-espiritismo-eh-uma-ciencia.html